Declaração do Mindelo

Prólogo:

Desde a último quartel do século passado que as universidades foram lentamente alterando a sua função social, promovendo cada vez mais a investigação e dedicando mais investigadores a projetos de pesquisa. O seu trabalho modificou-se, tal como se alterou aquilo que a sociedade espera do Ensino Superior. O mundo lusófono não ficou fora desta linha que se tornou referencia, alterando-se as expectativas da sociedade face ao mundo do conhecimento, agora visto como base da inovação.

Mais que numa Sociedade do Conhecimento e da Informação, hoje vivemos num mundo que olha e representa na inovação, e na capacidade empreendedora que dela pode resultar, a capacidade de acelerar o enriquecimento e as alterações que o ritmo normal das economias e das sociedades não permitiu. Queremos, com fórmulas milagrosas, com projetos sebastianistas, que as universidades e a investigação mude tudo o que nós mesmos não mudamos no normal correr do dia. As expectativas lançadas para os ombros das instituições de ensino e de investigação são imensas.
Hoje, há uma profunda responsabilidade social que as universidades cumprem na exata medida em que se empenham na ligação à sociedade, especialmente aos organismos públicos e às empresas, funcionando como plataformas giratórias e centros de transmissão de conhecimento.

Ato Declarativo:

Investigadores, centros de investigação, universidade e demais instituições reunidas aquando do “1º Congresso Internacional: Ciência, Inovação e Desenvolvimento na Lusofonia”, organizado pelo Ensino Lusófona, através da Universidade Lusófona de Cabo Verde, afirmam, declaram e comprometem-se a:

  • Aumentar o investimento em investigação, diversificando as fontes e as origens de meios, sempre numa plena liberdade académica, afirmando cada vez mais a lusofonia como um espaço que valoriza a Ciência e Inovação;
  • Criar e apoiar a participação dos investigadores em redes de trabalho internacional, tendo como ponto de partida a Lusofonia que, assim, se afirme como porta de uma internacionalização que seja de partilha de conhecimento;
  • Equacionar, numa constante relação com o meio circundante, mais próximo ou mais distante, o papel e a responsabilidade social do conhecimento, criando uma relação constante entre académicos e cientistas, a população e a cidadania;
  • Ter como meta uma dinâmica de investigação que tenha os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), contribuindo para uma sociedade mais humana, mais justa e fraterna, onde a ciência, alicerçada no humanismo e na ecologia, seja parte fundante numa forma de conceber um desenvolvimento sustentável;
  • Comunicar a investigação científica, potenciando a criação de uma cultura popular que valorize a universidade e a pesquisa;
  • Promover a formação especializada numa forte ligação ao mundo empresarial e às instituições públicas, criando fontes de recursos humanos altamente especializados;
  • Manter, em todos os níveis e formas de ensino, uma cultura de responsabilidade que promova práticas de avaliação, mérito e onde a ética seja uma reflexão constante;
  • Promover o amplo debate sobre as questões mais complexas que se colocam às sociedades, abrindo o conhecimento à crítica, promovendo a democracia.

Mindelo, 20 de outubro de 2023.